Durante este mês a atriz brasileira Regina Duarte esteve à conversa com Daniel Oliveira em mais um Alta Definição!
A eterna Porcina, de Roque Santeiro, agora com 69 anos, falou sobre a forma como encara o envelhecimento e da importância do amor, bem como, o preço que teve a pagar por ser, durante muitos anos a “namoradinha” do Brasil.
Contudo, conseguiu manter o equilíbrio na sua vida, sem tentar ser uma super-mulher, mas sempre acudindo às várias exigências de uma vida recheada de responsabilidades e compromissos.
O momento alto da entrevista, foi quando declamou o poema “A Rua das Rimas", de Guilherme de Almeida .
Fiquei deslumbrada com o poema, que desconhecia e não podia deixar de partilhar.
A RUA DAS RIMAS
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta,
direita, estreita, bem feita, perfeita,
com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;
e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,
douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;
e um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço laço e basso;
e algum piano provinciano, quotidiano, desumano,
mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
na luz rara de opala de uma sala uma escala clara que embala;
e, no ar de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;
e de noite, no ócio capadócio,
junto aos lampiões espiões, os bordões dos violões;
e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que me mata...);
e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...
A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher que bem me quer
é uma rua, como todas as ruas, com suas duas calças nuas,
correndo paralelamente, como a sorte indiferente de toda gente, para a frente,
para o infinito; mas uma rua que tem escrito um nome bonito, bendito, que sempre repito
e que rima com mocidade, liberdade, tranqüilidade: RUA DA FELICIDADE...
Guilherme de Almeida
Deixo-vos também o link com a entrevista na íntegra. Contudo, se quiserem ouvir o poema, saltem para o minuto 15:35 (aproximadamente).